top of page

Rut 5780

Autor(a)

Flavia Virginia

Categoria

Data

27 de maio de 2020

Língua

Português

Sub-categoria

תנ״ך | Tanakh
ספר רות | Sefer Rut

בס״ד

Rut 5780


Seguindo um costume que data dos primeiros séculos desta era, lemos nas nossas festividades (chagim |חגים|) um dos cinco rolos chamados megilot |מגילות|. O rolo que corresponde a Shavuot é Rute, que virá a ser a bisavó do grande rei David. O Rolo de Rute conta a estória desta moabita, nora da judaíta Naomi, que jura ser sua acompanhante para o resto de seus dias quando, num golpe da vida, Naomi perde seu marido e seus dois filhos, caindo na pobreza extrema — o que as leva de volta para sua Belém natal. É uma estória que enfatiza a lealdade e o amor da nora pela sogra e que tem como pano de fundo as leis sociais da Israel antes da era monárquica.


Três dos cinco rolos têm mulheres fortes e decididas como protagonistas. A trama em Rute é totalmente urdida por sua sogra e por ela, mostrando uma liberdade de ação e entendimento e com um tal controle sobre as decisões sobre onde, com quem e como viver que surpreende quem se habituou a pensar no texto bíblico exclusivamente como espelho de um patriarcado duro com as mulheres.


Lendo os rolos, vemos que não era assim, em Israel. As mulheres, ainda que tenham sido bem menos lembradas nos nossos textos do que os homens, gozam de uma autonomia de ser que nos espanta e causa admiração. Em Rute, a autodeterminação e a inteligência das protagonistas costuram o que podemos chamar "a ética da casa": a ação é centrada no tripé terra, pão e família, algo que, segundo o Qohelet |קוהלת| (Eclesiastes, rolo lido em Sukot |סוכות|), é a morada da real felicidade.


Flavia Virginia

bottom of page