Praça de Espanha
Morro mil mortes em Praça de Espanha
Sofro e não sofres:
Discursas, gelado, em tom de campanha
Morro e não sofres,
Que vil artimanha.
Morro mil mortes em Praça de Espanha
Ardo e não pio:
Estou revigorado pra qualquer façanha
É o que acontece com quem jamais ganha.
Ai, quem vai querer saciar minha fome?
(Não falo de angústias
Nem de sonhos.)
Morro mil mortes em Praça de Espanha
Pálido, enfermo:
Estou aos cuidados da mente tacanha
Desses toureiros
Toureando champanha.
Ai, quem vai querer saciar minha fome?
(Não falo de angústias
Nem de sonhos.)
Próximo século em Praça de Espanha
Olho e me calo:
Um grande mercado de uma só dona estranha
É dela a mão
Que me bate e me arranha.
Ai, quem vai poder encarar-me de frente?
Caro ouvinte, quem serás
Nesse próximo século?
Ao passo que andas, não duvides:
Serás eu.
FV: voz
Max Viana : violão flamenco
Beto Corrêa: piano
Max Robert: baixo
Daniel Baeder: bateria
Ednaldo Ignácio: flauta
AUTOR(A)
Flavia Virginia
ANO
2001
Reflexões sobre uma das possíveis globalizações – aliás, a mais provável.
Para essa canção, que era mais que tudo uma declaração de amor minha ao universo flamenco, eu chamei a Cássia Eller para gravar comigo essa canção, mas não deu certo, infelizmente.