O Amor
É o Oposto do Medo
[ CD ]
ANGOLA_
Este é meu segundo cd. Com ele, quero me referir a esses tempos recheados de medo que temos vivido, seja pela guerra, pela violência urbana, pela fome, pela falta de trabalho, emprego, perspectiva, utilidade, sentido, seja pela colonização cultural em que se tornou a globalização – enfim, problemas que assolam todos os países do mundo. Mas acredito que o oposto de tudo isso é o amor, coisa que tento dizer através das melodias, das línguas, dos ritmos para dançar e para escutar. Falo de amor, sim, e também de política, espiritualidade, nossa auto-visão enquanto seres da natureza.
Sou brasileira, agora moro em Angola, e quis transformar esse percurso da minha vida em percurso sonoro, artístico: chamei instrumentistas brasileiros de um dos melhores conservatórios do país e juntos nos comunicamos com angolanos de vanguarda, como aconteceu com o projeto gráfico conceitualizado pelo artista plástico Fernando Alvim.
AS CANÇÕES_
Em “O Que Você Faria Se Não Tivesse Medo” são abordadas questões como a pobreza, a guerra e o preconceito de classes através da junção do r&b americano com o suíngue brasileiro. Aproveito para falar na língua rap, mas, quem tiver atento, vai perceber ali um pouco da China também...
Transênicos e fome são os temas de “Feira”, um xeggae (mistura de xote com reggae) que nos leva ao nordeste, ao interior do Brasil, ao centro dos terceiros mundos.
Em Kimbundu (uma das línguas nacionais de Angola), fiz duas canções: uma balada de amor, “Kisola Kyami” e “Mbiki-Mbiki”, sobre a nossa essência refletida na de um pássaro azul que conheci no Parque da Quissama (Angola); eu quis prestar uma homenagem a alguns dos reis do african-pop – Salif Keita, Mori Kanté, Touré Kunda, Ismaël Lo.
“Pésquera” é a canção que revê nossa relação de troca com a natureza, propondo uma inversão de papéis: e se fôssemos nós, em vez dos peixes, os pescados?
Mas também o Espanhol faz parte do meu imaginário e em “Mucho Ayer” tento transportar a lírica brasileira para o universo do bolero e do flamenco, inspirado num cd da cantaora espanhola Mayte Martín.
Quanto aos ritmos, variam do drum'n'bass ao reggae, da chula gaúcha ao lounge, do siroco à luppa (estes últimos, ritmos que tenho desenvolvido ao longso os anos).
Ainda quero brincar de paz trazendo o hebraico e o árabe para o planeta musical africano em “Shalom, Salam”; e termino nos desejando liberdade em “Route to the Inside”. Quem sabe, se pudermos dissolver o medo no amor, a paz e a liberdade servirão para que a vida continue sendo una na pluralidade.
ÁLBUM_
FICHA TÉCNICA_
Produção Musical e Executiva
Flavia Virginia
Arranjos de Metais
Letras em Kimbundo
Letra em Espanhol
Projeto Gráfico
Técnico de Gravação, Mixagem e Masterização
Assistente de estúdio
Estúdio
Flavia Virginia e músicos
Supervisão de Judith Sebastião
Supervisão de Gustavo Lidijover e Mari Álvarez
Fernando Alvim e Iris Buchholz
Claudio Girardi
João Nunes
Vial
Luanda, AO
Patrocínio
LR Group
Petrobras
Sonangol
Rádio Vial