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Sentido

Mais que mil dias, 

essa chuvinha ajuda a sentir tua falta 

por mais que mil dias… 

o mi menor que me encanta 

servindo também pra te decantar… 

Vinho, queres vinho? 

Onde estás agora? 

Em algum lugar errado, 

errando em sonhos, 

me despertando infinitamente 

nessa noite rara 

talvez só para que eu cante 

os poucos sentimentos 

que penso que sei cantar…  


Desperto infinitamente, agora 

cantando aberta na noite rara 

do dia louco em que maltrataras 

aquela em cujo corpo aflora 

por ti um sentimento longo e claro 

que nem faz muito sentido, agora; 

teu cheiro em minhas mãos restara, 

a raiva louca que eu não gozara, 

o gozo em cujo corpo aflora 

um prazer eternamente raro 

que nem faz muito sentido, agora; 

quando dormias sentado, cara, 

carinhos que em teu rosto eu deixara, 

desse teu corpo que então aflora 

toda a loucura da qual não saro 

que nem faz muito sentido, agora; 

mas que pra sempre já me marcara 

e eu lembro quando bem me trataras 

de tudo o que de meu corpo aflora: 

o ouro fino, o ouro mais caro 

que é amor e faz sentido, agora.

Flavia Virginia: voz, piano e teclado 
Rodrigo Donato: percussão 
Idimakaji: percussão

AUTOR(A)

Flavia Virginia

ANO

2004

O mote é o pretérito-mais-que-perfeito, né. Era isso que eu queria usar – e usei à exaustão. Mas também foi muito bacana chamar o Idimakaji, banda de música tradicional angolana, para por seus instrumentos aqui e vir com a gente nesse baião transcontinental.

O Amor É o Oposto do Medo_cr.jpg
Sentido
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